Ondas de choque
Ondas de choque são ondas mecânicas de alta velocidade de propagação, geradas por expansão súbita em meio líquido ou gasoso.
Em Medicina, foram utilizadas inicialmente para fragmentar cálculos renais. Posteriormente observou-se que tinham efeitos analgésicos, anti-inflamatórios e regenerativos sobre o sistema musculoesquelético e vários outros tecidos. Têm muitas propriedades terapêuticas, ação profunda (apesar de não-invasivas), e não tem efeitos térmicos.
Como funcionam?
Os principais efeitos terapêuticos são:
- Analgesia, com inibição das fibras nervosas que transmitem os impulsos dolorosos.
- Ação anti-inflamatória e angiogênica: inibem substâncias inflamatórias e estimulam a produção de óxido nítrico, um vasodilatador que também promove a formação de vasos sanguíneos.
- Regeneração tecidual: o estímulo mecânico sobre as células (mecanotransdução) promove a multiplicação e diferenciação.
Modalidades de ondas de choque nos tratamentos médicos:
Ondas focais: convergem numa profundidade ajustável entre 0,5 e 6,0 cm, onde ocorrem os citados efeitos terapêuticos. Existem geradores com mecanismo eletromagnético (bobina magnética), eletrohidráulico (fagulha, maior energia gerada) e piezoelétrico (cristal submetido à corrente elétrica, não necessita de água no sistema).
Ondas radiais (ou de pressão): geradas através de um projétil impulsionado por ar comprimido, são ondas divergentes (radiais), agem em tecidos mais superficiais, de até 3 cm de profundidade.
Quando o tratamento é indicado?
O tratamento por ondas de choque é especialmente eficaz para o tratamento de afecções de tendões e suas inserções, fáscias, ligamentos e bursas em vários segmentos (sacroilíacas, região paravertebral, quadril, joelho, tornozelo e pé, ombro, cotovelo e punho).
Dores miofasciais e lesões musculares também são tratadas com bom resultado. Afecções ósseas, como periostites e fraturas de estresse são indicações formais para tratamento.
Através do tratamento com ondas focais, localizam-se clinicamente áreas pequenas e profundas de inflamação e edema ósseo que são de difícil diagnóstico através dos métodos tradicionais, e que perpetuam os quadros dolorosos.
É esperada uma melhora progressiva nos dias e semanas que se seguem ao tratamento, mas frequentemente ocorre a analgesia completa durante a aplicação, sendo que uma redução imediata de 50% pode ser um resultado esperado.
As sessões têm duração de até uma hora e são realizadas em intervalos semanais ou quinzenais.
O tratamento costuma ser concluído em até cinco sessões. A melhora clínica facilita a introdução de protocolos de reabilitação, acelerando o retorno aos exercícios
O processo envolve uma interação permanente entre médico e paciente.
O médico reavalia continuamente a localização e intensidade dos sintomas durante o tratamento, o que lhe permite direcionar e modular a intensidade e profundidade dos impulsos de acordo com as referências anatômicas e o quadro clínico.
O paciente pode experimentar algum tipo de dor ou desconforto durante o tratamento, em geral tolerável, e que pode ser minimizado com o ajuste dos parâmetros do aparelho.
É comum a ocorrência de dolorimento na região tratada, durante as primeiras 48 horas após o tratamento. O tratamento pode gerar petéquias na pele, pequenas manchas vermelhas que desaparecem em alguns dias.
O tratamento não deve ser realizado em locais tratados com infiltração por corticoides por até seis semanas. Outras contraindicações são tumores malignos, tromboses e infecções.
